Como Negociar Cláusulas em Contratos de Compra e Venda de Imóveis?
- Dra. Tatiane Rodrigues
- 22 de abr.
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de abr.
A assinatura de um contrato de compra e venda de imóvel é um dos momentos mais importantes — e delicados — de toda a negociação. É nesse documento que ficam definidas as obrigações, os prazos, os direitos e os riscos de cada parte. Por isso, entender que esse contrato pode (e deve) ser negociado é essencial para garantir uma transação segura.
Apesar de muitas pessoas pensarem que o contrato é “padrão” e que não há o que discutir, a verdade é que cada operação imobiliária tem suas particularidades — e ajustar as cláusulas à realidade do comprador e do vendedor pode evitar grandes problemas no futuro.
Neste artigo, vamos abordar quais cláusulas podem ser negociadas, o que observar com atenção e como conduzir esse processo com segurança jurídica.

1 O Que é Possível Negociar?
A maior parte das cláusulas de um contrato de compra e venda são negociáveis, desde que estejam dentro dos limites legais e que haja consenso entre as partes. Veja os principais pontos que merecem atenção:
a. Valor do imóvel e forma de pagamento
Pode-se ajustar prazos, número de parcelas, valor de entrada e índice de correção monetária.
É possível negociar condições específicas, como descontos para pagamento à vista ou cronogramas flexíveis.
b. Cláusulas de sinal (arras)
A cláusula de arras estabelece o valor pago como garantia da negociação.
Deve-se definir se ela será confirmatória (mantém o negócio) ou penitencial (permite desistência com penalidade).
c. Prazo para entrega (em imóveis na planta)
É fundamental prever um prazo de tolerância, mas também multas ou indenizações em caso de atraso injustificado.
d. Multas por inadimplemento
O percentual da multa pode ser negociado, dentro dos limites da legislação (normalmente até 10% do valor do contrato).
Também é importante prever se haverá retenção de valores em caso de desistência.
e. Responsabilidade por tributos e taxas
Quem paga ITBI, escritura, registro, comissão de corretagem?
Esses itens costumam gerar conflitos se não estiverem bem definidos.
f. Cláusulas suspensivas ou resolutivas
São condições que podem impedir a conclusão da venda ou desfazer o contrato, como a não aprovação de financiamento.
2 Pontos de Atenção na Hora de Negociar
a. Leia com calma e atenção
Evite assinar qualquer contrato com pressa ou sob pressão. Leve o tempo necessário para compreender cada cláusula.
b. Solicite esclarecimentos
Se houver termos técnicos, ambíguos ou cláusulas pouco claras, peça explicações. O contrato precisa ser compreensível para ambas as partes.
c. Avalie os riscos de cada cláusula
Um contrato mal redigido ou desequilibrado pode gerar prejuízos financeiros ou comprometer o direito à propriedade.
d. Faça ajustes por escrito
Tudo o que for combinado deve estar registrado no contrato. Acordos verbais não oferecem garantia legal.
3 Como Conduzir a Negociação de Forma Segura?
A negociação de cláusulas deve ser feita com bom senso, diálogo e orientação jurídica. Veja algumas práticas recomendadas:
✔️ Busque apoio de um(a) profissional com experiência em contratos imobiliários;
✔️ Analise o contrato com antecedência, antes da assinatura;
✔️ Converse com a outra parte sobre pontos que deseja ajustar, explicando os motivos com clareza;
✔️ Registre as alterações e só avance com a assinatura após o acordo final.
4 Conclusão
Negociar cláusulas em um contrato de compra e venda de imóvel não é excesso de zelo — é um ato de responsabilidade e proteção ao seu investimento. Cada detalhe escrito no contrato pode impactar diretamente sua tranquilidade no futuro.
📌 Lembre-se: você não precisa aceitar um contrato “pronto” se ele não reflete as condições justas da negociação. Adaptar as cláusulas à realidade do negócio é um direito — e um passo essencial para garantir segurança jurídica.
Se você tiver alguma dúvida sobre o que foi escrito, pode entrar em contato pelo e-mail: contato@rodriguesefelix.adv.br, pelo WhatsApp abaixo ou pelos nossos perfis no Instagram: @tatiane.adv ou @rodriguesefelix.
Se a sua dúvida está relacionada ao fato de você estar passando por uma situação semelhante e deseja saber como agir ou quais são os seus direitos, recomendo procurar um advogado de sua confiança. Ele poderá analisar o seu caso específico e fornecer a orientação jurídica adequada.
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